
Brincantes Populares

Reisados e Tradições
C a p í t u l o 2
O reisado de congo é mais uma das riquezas da cultura popular da regiãodo cariri. Oriundo das tradições europeias com traços indígenas e africanos, trata-se de uma manifestação hereditária, onde a responsabilidade em manter viva a memória cultural vai sendo repassada através das gerações.
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Tomando como exemplo a estrutura do reisado do mestre Dedé de Luna, mesmo sabendo que outros reisados podem seguir com alguns alterações, temos basicamente a seguinte estrutura: A mestra ou mestre, responsável por coordenar o andamento da apresentação, além de criar o enredo com os respectivos entremeios, também está encarregada de “puxar” as cantigas durante a apresentação.
Um exemplo está no reisado do mestre Dedé de Luna do Crato. A mestra Mazé recebeu de seu pai a missão de dar continuidade ao folguedo, e relata com satisfação como é a tradição de seu reisado transmitido de pai para filha, mesmo com as atuais dificuldades na valorização da cultura popular por parte do poder público.
Reisado é sem dúvida nenhuma cor, brilho, movimento, dinâmica, entrosamento e beleza. Atributos que se completam a ensaio, mão de obra artesanal e ao improviso daqueles que desejam que a história de um povo não se perca ao longo do tempo. O cuidado com o figurino desde a confecção, o desejo de chamar a atenção pela bela vestimenta, de encantar os olhos principalmente dos mais jovens que são o futuro da herança artística, são características fundamentais para a manutenção das práticas.
2. Folclore do Nosso Lugar
Aliás a juventude é o motor pulsante da brincadeira, sua energia e vitalidade demonstram o quanto a tradição não perde sua força criativa e alegre, elementos essenciais na trama desenvolvida durante as apresentações.
A banda, geralmente formada por um violeiro ou violonista com zabumbeiro e percussão, que ajuda a sustentar o canto.
O contramestre que tem por principal função substituir o mestre em caso de ausência. Os embaixadores que são responsáveis por puxar as duas fileiras. As duas bases que servem de orientadores para as fileiras, as duas guias que ficam logo atrás dos embaixadores, são elas que auxiliam as bases nos diferentes movimentos durante a brincadeira. O Rei que fica em posição central logo após os embaixadores. Os figurinhos que são os demais brincantes que compõem as duas fileiras, participam da dança e do jogo de espadas. A rainha que vem logo atrás do Rei, e é a grande figura de destaque do reisado.
Responsáveis pelo improviso e pelas brincadeiras, vêm os dois Mateus que têm a liberdade de movimentar-se por todos os lados e a Catirina, também uma figura cômica.
O enredo de todo reisado se dá por causa dos chamados entremeios, que têm como o próprio nome diz a função de no meio da apresentação alterar a dinâmica. Eles podem ser representados por animais ou figuras mitológicas no caso do reisado de Dedé de Luna são quatro: O boi, a burrinha e o Jaraguá que são tradicionais também em outros reisados, além da sereia, personagem criada pelo próprio mestre.
Apesar das apresentações variarem de mestre para mestre, o reisado de congo continua sendo uma manifestação da cultura popular que traz em si as raízes da formação do povo brasileiro, especialmente o povo nordestino, conhecido por sua dança, alegria e criatividade.
O livro “Reisado cearense - uma proposta para o ensino das africanidades” de autoria da pesquisadora da Universidade Federal do Ceará(UFC), Cícera Nunes, revela uma ligação entre as tradições africanas, e a forma como ele é celebrado no interior, em um dos trechos ela afirma que na pesquisa, o olhar se voltou para a cultura de matriz africana no contexto do cariri, tendo nos reisados locais nosso principal campo de análise. As danças de cortejo de base africana têm sua origem a partir das eleições de reis do congo da África. Neste país, costumeiramente se realizavam cerimônia. Com a invasão europeia no continente africano, a partir do século XV passa a ter um significado apenas simbólico.”

A “tiração” de Reis, pelos Reisados do Cariri cearense, ou a Folia de Reis em diversas outras regiões brasileiras é tradicionalmente realizada no período de 25 de dezembro a 6 de janeiro, e tem raízes originárias na Festa do Sol invencível, comemorada pelos romanos e depois adotada pelos egípcios, no entanto faz a mesma adaptação que a Igreja Católica fez a festa, lembrando os reis magos que saúdam o nascimento do menino Jesus.
A Tradição No Cariri
1. Ouça aqui a apresentação
Reisado Dedé de Luna
Edição de arte/Design: Jorge Hélio
Fotografias/Infográficos/Edição de Vídeos: José Gomes
Vídeos: Wendesor
Narração: Gomes, Wendesor e Ronaldo Campos